20.
COMO SER UM PAI BEM SUCEDIDO
OS PAIS TAMBÉM SÃO GENTE!
Quando ouvimos pregadores, psicólogos,
filósofos e políticos falando acerca do desmoronamento da família e do fracasso
dos pais, geralmente nos sentimos inseguros.
Até mesmo os melhores pais sabem que não são
perfeitos. Uma grande autoridade em problemas de relacionamento familiar
afirmou: “Não existem pais perfeitos.
Quem tentar sê-lo, estará procurando um esgotamento nervoso para si e para seus
filhos. Deus não fez as crianças assim tão frágeis que o menor erro paterno
possa despedaçá-las. Na realidade, uma criança normal pode absorver os erros de
um pai normal, sem que isso traga conseqüências permanentes”.
Precisamos lembrar que apenas Deus é
perfeito, isso tira um enorme peso de nossos ombros. Ele pede somente que
façamos o melhor que está ao nosso alcance, e proporcionemos a nossos filhos um
ambiente em que possam crescer em paz com Deus e com os homens.
Ao
discutirmos a criação dos filhos torna-se necessário traçar um perfil que nos
identifique as características essenciais que tornam um pai fiel e bem
sucedido, do ponto de vista de Deus.
“Ensina a criança no
caminho em que deve andar e ainda quando for velha não se desviará dele”. (Pv.
22:6)
1. ERAM TRÊS OS PRINCIPAIS OBJETIVOS
EDUCACIONAIS QUE UM PAI JUDEU TINHA EM MENTE PARA A FORMAÇÃO DE SEU FILHO:
a) Capacitar a criança
a relacionar-se corretamente com Deus, colocando-o como prioridade
número “um” em sua vida (conhecer a vontade de Deus, conforme as Escrituras).
* É possível que entendamos mal o que
diz Provérbios 22.6, por desconhecermos o significado do termo ensina nesta passagem. No nosso
contexto ocidental, em nossos dias, o
verbo ensinar pode conter a idéia de disciplina; ter o sentido de um professor
dizendo ao aluno o que ele deve fazer. Podemos formar a imagem de um pai
exigente insistindo com o filho que faça
tudo certinho. Entretanto no original hebraico, não é esse o significado da
palavra ensina. Na linguagem antiga do mundo oriental, esse vocábulo que
aqui é traduzido como ensina, descrevia a
ação da parteira molhar o dedo no azeite e friccionar o palato do
recém-nascido, provocando nele o desejo de sugar. Portanto o verdadeiro
sentido desse verbo é: “Cultive um gosto pelas coisas de Deus no
coração da criança, e mesmo quando já for velha, nenhuma outra coisa satisfará
seus anseios”.
b) Capacitar a
criança a relacionar-se corretamente com os
outros, do ponto de vista de Deus (é a expressão do relacionamento
correto com Deus).
c) Capacitar a
criança a relacionar-se corretamente com as
diferentes circunstâncias da vida (é muito mais do que ensinar a comer,
falar, etc.).
* Somos extremamente protetores em
relação à vida, contudo aos três ou quatro anos, colocamos nossos filhos na escola sem
levarmos em conta seu despreparo para a vida.
* Estes três objetivos ou alvos
deveriam ser alcançados até aos vinte anos de idade, sendo o restante da vida
dedicado à aquisição da sabedoria (Pv.1:7; 9:10).
Um estudioso do comportamento infantil
sugere que, a cada fase de desenvolvimento, a criança pode adquirir
determinados conceitos. Deste modo o ensino, preparará a criança para atingir o
nível máximo de segurança e maturidade. Quando conhecemos e identificamos estes
estágios de desenvolvimento podemos dar noções acerca de Deus a nossos filhos,
durante cada uma destas fases.
Do
nascimento a dois anos: Nesse período
a criança forma
um senso básico de confiança. É
importante que seja carregado no colo carinhosamente, nessa fase a criança deve
ter o máximo de conforto e o mínimo de temor. O bebê já consegue sentir desde o
nascimento que pode confiar no pai e na mãe. Portanto, nesse período são
lançadas as bases do aprendizado. A maioria dos psicólogos crê que esta é a
fase mais importante da vida infantil. Se nesse período a criança não forma o
habito de confiar nos outros, provavelmente toda a sua vida será marcada por
cinismo e frustração.
Três
anos:
Nesta idade a criança adquire certo senso de autonomia, e ao mesmo tempo combate o de dúvida e vergonha. Ela começa a
romper a total dependência que tinha para com a mãe e o pai. Nessa fase também,
a criança aprende mais pelas atitudes dos outros, que pelo ensino direto.
De
quatro a cinco anos: Nesse
período a criança forma o senso de iniciativa e supera o de culpa. Começa
a invadir o espaço dos outros, a fazer amigos fora de seu círculo familiar e
inicia o aprendizado que irá fazer durante toda a vida: “o da sobrevivência em um mundo cheio de gente”. Essa é a fase
áurea do aprendizado, pois em nenhum outro período ela se acha mais
pré-disposta a aprender e a relacionar-se com outros em atividades de grupo.
Gradativamente, sua consciência vai percebendo o papel dos pais. Começa também
a receber mais responsabilidades na família e no mundo. É uma excelente ocasião
para se inculcar nela noções de responsabilidade
e iniciativa.
De
seis a onze anos: Nessa fase,
a criança adquire o senso de aplicação
ao trabalho, e luta contra o sentimento
de inferioridade. É cada vez mais levada a integrar-se no mundo dos adultos
e assumir maiores responsabilidades. Para que uma pessoa seja um bom pai ou uma
boa mãe, precisa aprender a trabalhar. Portanto a infância é a fase de
treinamento para o futuro. Esse é o período áureo para o desenvolvimento de certas
atividades e habilidades. Nessa idade a criança começa também a comparar os
pais com outros adultos, isso é bom, pois desse modo ela adquire uma visão mais
ampla do mundo.
Dos
doze aos quatorze anos:
Nesse período forma-se a
noção de identidade própria e há necessidade de
adquirir-se o senso de fidelidade. Durante essa fase ocorre
rapidamente importantes mudanças psicológicas, e o jovem passa a ocupar-se mais
com seu corpo e com sua aparência. Nessa idade o jovem está sempre procurando
alguém em que possa confiar e a quem possa dedicar afeição.
De
quinze a dezoito anos:
Desenvolve o senso de intimidade própria
e evita a solidão. O jovem procura aprender a amar e a trabalhar. São anos
em que se prepara para exercer sua função na vida. Se ele não adquiriu a
consciência de identidade própria e não encontrou a razão de viver, este
período será povoado de frustrações. Esses são também anos dos grandes impulsos
físicos.
De
dezoito anos à idade adulta: O
ideal é que o indivíduo passe de egocêntrico, da fase infantil a participante
ativo na sociedade em que vive. Possivelmente, já encontrou seu objetivo de
vida, e geralmente nesta fase encontra seu cônjuge.
* Os
três objetivos quando alcançados, observando-se as fases de desenvolvimento da
criança são:
*
Uma motivação correta da vida.
*
Uma motivação correta sobre a vida.
*
Identidade, dignidade, afirmação e segurança.
* Do
ponto de vista judaico, não havia, naturalmente, sabedoria à parte de Deus e o
sinônimo de ignorância (estultícia), era viver a vida longe de Deus.
2. QUAIS
SÃO OS ALVOS FUNDAMENTAIS NA CRIAÇÃO DOS FILHO SEGUNDO
O NOVO TESTAMENTO ?
a) As referências no Novo Testamento à
educação de filhos são reduzidas.
1. Embora
limitadas, as referências dos evangelhos às crianças são de absoluta
importância. Jesus nunca esteve demasiadamente ocupado ao ponto de deixar de
receber uma criança. Mesmo durante sua última jornada à Jerusalém, onde iria
encontrar sofrimento e morte, foi incisivo com os discípulos, quando estes
tentaram compreensivamente, impedir que as crianças o perturbassem (Mc.10:13,14).
2. Jesus ensinou que Deus nunca está
tão ocupado com grandes coisas ao ponto de não receber uma criança. De fato Ele
advertiu que deveríamos ser extremamente cuidadosos para não ofender uma criança
(Mt.18:6).
“...pois
vos digo que os seus anjos (os
que protegem as crianças), nos céus
sempre vêem a face de meu pai, que está nos céus”. (Mt.18:10)
* seus
anjos: os anjos tem um ministério especial de cuidar daqueles que não podem
cuidar de si mesmo (Hb.1:14).
Isso
significa que Jesus ensinou que a qualquer momento Deus está disposto a dar
total atenção ao cuidado de uma criança.
3. É também ensinamento
do Senhor que o dever de um cristão em relação a uma criança é o de recebê-la
como se estivesse recebendo o próprio Senhor Jesus.
“Qualquer que recebe esta
criança em meu nome, a mim me recebe”.
Mc.9:36-37; Lc.17:2
“...melhor lhe fora que se
lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse nas profundezas
do mar”. (Mt.18:6-14)
5. Com
efeito, a criança se constitui no próprio padrão daqueles que desejam ser
cidadãos dos céus.
“...se não vos fizerdes
como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”. (Mt.18:3)
a) os
filhos devem obediência aos pais: Ef 6:1
e Cl 3:20
b) os
que governam a igreja, devem governar primeiro os seus próprios lares: 1 Tm
3:4-12 e Tt 1:6
c) Os
filhos dos crentes fazem parte da comunhão dos santos, pois a promessa é para
os crentes e para os deus filhos: At 2:39 e I Co 7:14
d) Os
pais têm responsabilidade de prover as necessidades básicas dos filhos, pois os
filhos não devem acumular tesouros para os pais e sim os pais para os filhos: 2
Co 12:14
e) Os
pais (os homens), não devem provocar seus filhos à ira, isto é, deixá-los
exasperados a ponto de desanimá-los, ao contrário, devem treiná-los na
disciplina e admoestação do Senhor. Ef 6:4 e Cl 3:21
Assim termina as referências diretas do Novo
Testamento às crianças ou filhos. O Novo Testamento não estabelece um currículo
de qualquer espécie para o treinamento dos filhos. O Novo Testamento não
menciona coisa alguma sobre educação religiosa ou a própria escola... porque o
Novo Testamento tem como certo que o único treinamento que realmente importa é
o ministrado dentro do lar, não havendo quem substitua os pais neste processo!
7.
Assim, a responsabilidade da tarefa de “treinar” e “educar”os filhos recai
claramente sobre os pais; não é responsabilidade da igreja ou da escola. Falhar
nesta tarefa é atrair tristeza para si mesmo.
“O filho sábio
alegra o seu pai, mas o filho insensato é a tristeza
de sua mãe.” (Pv. 10:1)
“O filho insensato é a tristeza para o
pai e amargura para quem o deu à luz.”. (Pv. 17:25)
“... pais (os homens)
não provoqueis vossos filhos à
ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.” (Ef.6:4)
OBS: A ausência de uma lista grande de
princípios sobre a criação de filhos no Novo Testamento, simplesmente valida a
veracidade e continuidade dos princípios já dados no Velho Testamento. Ver: Dt
6.5-7; Pv 3.12, 4.1, 2, 5-7, 10, 11, 14, 15, 18-25; 13.25; 22.15; 23.13; 29.15,
17, etc.
Portanto
fica claro que as escrituras colocam sobre os pais a responsabilidade de
treinar os filhos e dar-lhes um sólido alicerce para a aquisição da sabedoria.
Surge, porém, uma indagação: Como, de que
maneira ou com que atitude, deveriam pai e mãe ensinar os filhos desenvolvendo
ao máximo seu potencial para se tornarem sábios do ponto de vista de Deus?
O QUE SE DEVERIA FAZER:
1.
Eliminar todos os pensamentos ou atitudes que refletem nos filhos sentimento de
amargura ou vingança.
2.
Corrigir e disciplinar toda a ação errada cometida intencionalmente.
3.
Fale sempre de modo firme e suave à criança, e apenas quando isto não
funcionar, e examinados os motivos desta ineficiência, recorra a correção
física, tomando o cuidado de ministrá-la sempre de modo proporcional a ofensa
cometida.
* “A criança é um feixe de energia e
emoções desordenadas. É tarefa dos pais conduzi-la ao autocontrole, para que
essas energia e emoções não tenham um efeito destrutivo. -Disciplinar é
simplesmente ensinar a criança controlar-se”.
* “Devemos
compreender que existe uma grande diferença entre castigar e disciplinar. Castigar
é vingar-se. Disciplinar é infligir a uma pessoa uma dor menor do que a que
sofreria se consumasse sua ação”.
A) TODA CRIANÇA DEVE SER DISCIPLINADA:
Uma das razões para nossos filhos serem
disciplinados é porque eles não são nenhum anjinho, mas sim, pecadores “pois
todos pecaram”(Rm 3:23) e isto já vem do nascimento, “eu nasci na iniquidade e
em pecado me concebeu minha mãe”(Sl 51:5) e ainda “A estultícia está ligada ao
coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela (Pv 22:15). Não
tenha medo de utilizar a vara - “A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a
criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe”(Pv 29:15) “Corrige o
teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma.”(Pv 29:17)
B)
TODA DISCIPLINA DEVE SER APLICADA COM AMOR:
Há
pais e mães sinceros que desejam corrigir seus filhos, mas pecam na maneira de
fazê-lo. São cruéis para com eles. “Deixe que seu filho saiba o porque de estar
apanhando”. Use a vara, para doer, depois tome a criança nos braços e deixe que
ela saiba que você realmente a ama. “O que retém a vara aborrece a seu filho,
mas o que o ama, cedo disciplina.”(Pv 13:24)
4. Tratar a criança
como um ser humano, alguém que está passando pelo difícil processo de
amadurecimento na vida; concedendo-lhe um valor cada vez maior que possa
levá-la a discernir a necessidade de aprender para tornar-se sábia do ponto de
vista de Deus e agir de maneira responsável.
5. Mostrar por suas
próprias atitudes e ações a repulsa pelo pecado e não simplesmente tentar
convencer a criança a não pecar, ameaçando-a com as conseqüências que possam
vir aqui ou na eternidade.
O
QUE NÃO SE DEVE FAZER:
1. Nunca
ter e/ou demonstrar preferência em relação a qualquer dos filhos.
2. Nunca
faça concessão quanto à sua dignidade pessoal ou a de seu filho.
3. Nunca
perder a paciência. Se a criança não entender sua instrução, repita e explique
pacientemente até poder estar seguro do seu entendimento.
* É
de suma importância que as crianças saibam quais são os seus limites. Isso cria
segurança na criança. Uma das razões para tentos filhos se mostrarem inseguros,
é o fato de não saberem quais são os parâmetros adotados em sua formação.
Portanto, os pais devem comunicar sua vontade com clareza. O processo de
treinamento começa com um certo legalismo. Deus tratou os filhos de Israel na
base da lei. O filho pequeno precisa entender que se ele violar uma regra, a
disciplina é certa.
*
Precisamos ensinar nossos filhos a viverem por suas convicções e não somente
pelas regras. A convicção vem como resultado da compreensão do “porque da
regra”. Por isso filhos adolescentes precisam de uma explicação das razões das
normas adotadas e não pura e simplesmente que eles devem cumprir as normas que
estabelecemos para eles. A comunicação é difícil, leva tempo e exige esforço
por parte dos pais, mas se o pai aplicar a disciplina sem uma boa comunicação,
produzirá raiva e ira na vida do filho.
4. Nunca
fazer uma promessa e não cumprí-la, para que a mente da criança não se habitue
com a fraude e a quebra de palavra.
5. Não
faça ameaças que não serão cumpridas, tais como: “eu te arranco as orelhas” [a
propósito, dar beliscões não é a maneira correta de disciplinar].
6. Nunca
faça comparações com seu filhos, tais como “no meu tempo...”.
7. Não
discipline quando estiver com raiva.
*
Creio que um dos pecados mais freqüentes, cometidos por nós pais, é quando
disciplinamos nossos filhos em momentos de ira. Por exemplo: a esposa está
discutindo com o marido e nessa hora a filho faz alguma coisa que a irrita, ela
então, descarrega toda a sua zanga na criança.
A Palavra de Deus em Hebreus 12:10-11, diz
que a
disciplina sem amor não produz fruto pacífico, fruto de justiça, nem nos faz
participantes da santidade de Deus, que é o alvo da disciplina.
8. Nunca
desanimar um filho, mas exortá-lo no verdadeiro sentido [encorajá-lo].
* Uma
das maneiras mais comuns de provocar nossos filhos é não ouví-los. A
comunicação é uma via de mão dupla. Não basta somente dar ordens, fazer
exigências e advertências aos filhos, mas é também necessários sermos sensíveis
às necessidades deles.
Salomão
nos diz: “A morte e a vida estão no poder da língua”. Muitos filhos
estão desanimados e chegam a desistir de viver por receberem tantas palavras de
morte (críticas) e nenhuma de vida (encorajamento). As crianças anseiam e
necessitam grandemente da afirmação dos pais através do encorajamento e da
atenção deles.
* Nenhum
dia na vida da criança deve passar, sem que ela receba um incentivo dos pais. O
filho esquece a advertência, mas nunca esquece a aprovação, o elogio e o
estímulo. Toda conquista séria precisa
ser valorizada e não “premiada”.
Aprenda a lidar com o
fracasso ou derrota de seu filho com sabedoria e ternura, para transformar
estas circunstâncias em experiências que geram vitória e lições de vida, não de
morte.