Texto
1ª Samuel 10:6.
Era um homem alto, de porte
extraordinário. Seu cabelo castanho e a barba bem aparada adicionavam algo mais
a sua altura e sua dignidade; todos os olhos o seguiam quando ele passava
através da multidão.Tinha a capacidade de atrair as pessoas, reuni-las para uma
causa, inspira-las para a grandeza. As pessoas não receavam confiar-lhes os
seus sonhos secretos, as suas esperanças. Era um líder de lideres. Pelo menos
era o que todos pensavam. Aquele líder de ombros avantajados e aparência
magnífica escondia um coração repleto de ciúme e medo. Tão profundas eram as
suas inseguranças, tão incertos os alicerces da sua personalidade, que ele
achava que todo indicio de grandeza nas pessoas a seu redor significava séria
ameaça a sua própria posição de liderança no país (1ª Sm 18:5-12).
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Os maiores dos seguidores estavam
tão encantados com a habilidade de Saul de mobilizar e comunicar, que não percebiam
o seu desejo fanático de exercer controle total. Alguns homens mais
perspicazes, contudo, começaram a nutrir duvidas. A perícia de Saul na
estratégia bélica, e sua extraordinária habilidade na tomada de providencias
corretas no momento oportuno, convencia os seguidores mais distantes quanto a
sua grandeza, mas confundia as pessoas mais próximas dele (1ª Sm 16:15). “Ele
deve ser ungido do Senhor”, é o que pensavam. “Sempre parece estar certo”.Não
queriam admitir o obvio: Saul violava princípios, não tinha espírito de
serviço, não admitia a promoção de outras pessoas, era vitima de fúria e
impaciência (1ª Sm 18:10) tudo isso constituindo fatos que aparentemente o
desqualificavam para o oficio de rei. Na verdade, tais pessoas ficavam
profundamente embaraçadas e envergonhadas com os acessos de raiva secretos de Saul
e seus mergulhos na melancolia e depressão.
Finalmente, surgiu alguém que já não
alimentava dúvidas com relação ao caráter desse rei: o profeta Samuel, que o
havia ungido para o oficio real. Num ato simples de obediência, o profeta havia
derramado óleo sobre a cabeça do moço e orado por ele e, assim procedendo, dera
posse ao rei para que reinasse sobre a nação. Diferentemente de muitos outros
homens, Samuel não estava impressionado com o seu próprio “poder”. Ele havia
aprendido desde a infância que só existe uma resposta aceitável a voz de Deus:
a obediência pura e simples como a da criança (1ª Sm 2:26). Agora, o coração de
Samuel também fervia em seu peito, não de ódio incontrolado, mas, de indignação
justa. Ele havia esperado pacientemente, observado a destruição interna do
reino, devido a falta de integridade e obediência do rei. Detectou a profunda
insegurança do rei, o esforço doloroso no sentido de encontrar apreço e
segurança no louvor de seus companheiros. Samuel havia agonizado inúmeras
noites, em oração e lamento sobre Saul. Havia jejuado muitos dias, pedindo a
Deus que mudasse a atitude do rei e o ajudasse a encontrar segurança na
aprovação do Senhor. Tudo isso, porém, foi inútil. Chegou então a Palavra de
Deus ao profeta: “Arrependo-Me de haver constituído rei a Saul; porquanto
deixou de Me seguir, e não executou as minhas palavras” (l Sm 15:11).
Em breves instantes de terrível
confronto, o desastre aconteceu: a autoridade do rei foi arrebatada. Ele
permaneceu no cargo, mas isso não era garantia de autoridade. O poder as vezes advém da posição, mas a
autoridade advém do caráter, obediência e unção de Deus (1ª Sm 16:1). Um
estudo minucioso da vida de Saul revela certo padrão, um ciclo terrível e
inconfundível de inferioridade e emoções feridas a “Síndrome de Saul”. Em (l Sm
15:17) lemos que Saul era “pequeno aos teus olhos”. Não devemos confundir essa
expressão com a verdadeira humildade, porque se essas palavras de Samuel
tivessem esse significado, não haveria necessidade de remover Saul do trono. O
que Samuel estava dizendo é que embora Saul se considerasse inferior e se
menosprezasse a si próprio, ainda sim continuava responsável por suas más
ações, diante de Deus. Os sentimentos de inferioridade não são desculpas para a
desobediência. No capitulo 15 de 1ª Samuel temos uma lista das características
da personalidade de Saul: teimosia e independência, rebelião que é como pecado
de feitiçaria (1ªSm 15:23), e a obstinação que é como a idolatria, orgulho,
medo do homem, ou seja; mais temor do
homem do que temor de Deus. Temi o povo e dei ouvidos a sua voz (1ª Sm
15:24)! Por que, pois, não atentaste para a voz do Senhor? O obedecer é melhor
do que sacrificar. Ilustrada com
simplicidade a Síndrome de Saul tem a seguinte aparência:
· ORGULHO
· DESOBEDIÊNCIA
· INFERIORIDADE
· INDEPENDÊNCIA
· MEDO
DO HOMEM
Um problema leva
a outro. Se não tratarmos as nossas feridas a maneira de Deus, elas nos
conduzirão a independência de Deus, o que, por sua vez, gera orgulho. O orgulho
tem muito mais a ver com o que as pessoas pensam de nós do que o que Deus pensa
de nós, isso nos leva a ter medo do homem. O medo do homem inevitavelmente nos
conduz a desobediência. Podemos ainda fazer mais coisa para Deus, porém,
estaremos praticando uma religião de obras mortas. Algumas das pessoas mais
feridas que conheço são também as mais orgulhosas e independentes. As magoas
emocionais tornaram-nas pessoas extremamente susceptíveis a essa síndrome
viciosa, contra a qual ninguém está imune. Afim de que possamos identificar a
“Síndrome de Saul”, quero descrever algumas características que com freqüência
aparecem nas nossas vidas diárias:
1.
Afastamento ou isolamento.
A síndrome de Saul nos leva a afastar-nos de vez das de mais pessoas. O
afastamento pode tornar-se um meio de cobrir ou justificar a nossa recusa em
perdoar as pessoas que nos feriram, ou de comprometer-nos com aqueles que
discordamos.
2.
Possessibilidade. A
mentalidade de “meu ministério”, “meu grupo”, “minha opinião”, “meu emprego”,
“ou meu lugar na igreja”, é egoísta, deriva de uma atitude de independência. A
Bíblia ensina que a rebelião é como pecado de feitiçaria; é originário
do inferno (l Sm 15:23). Esta atitude de primeiro eu é pecado!
3. Mentalidade de “nós contra eles”. Quando somos pegos pela síndrome de Saul começamos
a pensar em termos de “nós” contra “eles”, aqueles com quem concordamos contra
aqueles de quem discordamos. Esse padrão de pensamento demonstra não apenas que
estamos em desacordo com outras pessoas, mas que também as estamos julgando, e
criando facções na igreja.
4.
Manipulação. As pessoas orgulhosas e independentes tentam
as vezes manipular os outros,
recusando-se a cooperar, exigindo que se faça a sua vontade, criticando
malevolamente, e julgando sem parar o que os demais estão fazendo. Espiritualizamos
as nossas razões, é claro, e é esse o motivo por que a nossa manipulação pode
ser muito mais perigosa (1ª Sm 18:22).
5. Incapacidade
de aprender. A síndrome de Saul faz com que
permaneçamos fechados diante de outras pessoas. Recusamos a aceitar a correção
e a instrução. Tornamo-nos endurecidos.
6. Atitude
critica e condenatória. Justificamo-la de
inúmeras maneiras, mas, resume-se
nisto: desmoralizarmos e vilipendiáramos os motivos de outras pessoas.
7. Impaciência. Julgamos que o nosso método é melhor, e recusamo-nos
a esperar por outras pessoas que discordam de nós ou não nos entendem.
8. Desconfiança.
A síndrome de Saul resulta em desconfiança.
Acusamos os outros de não confiarem em nós, mas, com freqüência trata-se de uma
projeção da nossa própria desconfiança. Reflete a nossa independência e
relaciona-se muito mais com as nossas necessidades do que com as do próximo.
9. Deslealdade.
Esta característica manipula as duvidas, as
feridas ou as necessidades do próximo, afim, de arrebanha-lo para o nosso
grupo, ganhá-lo para o nosso próprio ponto de vista, em vez de procurar
edificar a unidade, o amor o perdão e a reconciliação (1ª Sm 19:1-10).
10. Ingratidão. Focalizamos
a atenção naquilo que achamos que deveria ser feito por nós, em vez de
enfatizarmos tudo que já foi feito.
11. Idealismo doentio. Idolatramos um método, um padrão, ou um programa, e colocamo-lo acima
das pessoas, em especial das pessoas de quem discordamos. Os ideais tornaram-se
mais importantes do que a unidade e as atitudes.
Embora a “Síndrome de Saul” com freqüência seja um
sintoma de sentimentos feridos e não resolvidos de rejeição, ainda é egoísta
errada, e precisa ser extirpada impiedosamente. Não existe problema de
independência e inferioridade que não possa ser resolvido através de uma
humildade maior, maior quebrantamento de nossa vida. Disse Spurgeon “Todo filho
de Deus precisa aprender a crescer para baixo!”.
A Bíblia promete que, quando nós nos humilharmos,
Deus nos concederá graça, (Tg 4:6-7). Temos medo de “humilhação”, mas não é
isso que a Bíblia quer dizer quando diz que devemos nos humilhar. A verdadeira
humildade tem a ver com a prontidão de sermos conhecidos pelo que somos
realmente, e ficarmos ao lado de Deus na luta contra o nosso próprio pecado. A
maioria das pessoas respeita-nos mais, e não menos, quando nos humilhamos e
confessamos os nossos pecados e as nossas necessidades. Acredito que Deus
sempre o faz. Se você foi apanhado pela “Síndrome de Saul”, permita-me
sugerir-lhe que jamais se livrará desse mal enquanto não aceitar a responsabilidade
de arrepender-se dessas atitudes erradas. De nada adiantara lançar a culpa dos
seus problemas sobre terceiros, nem apresentar desculpas para os seus pecados.
Humilhe-se diante de Deus e dos outros clame a Ele em oração fervorosa. A
alguns anos atrás percebi esse padrão em minha própria vida. Minhas
profundas inseguranças doíam; porém, eu era também, muito orgulhoso e
independente. Ansiava aceitação e afirmação, mas, de maneira alguma confessaria
a minha desesperada necessidade de ajuda. Estava obcecado com o que as demais
pessoas pensavam de mim, especialmente os outros lideres. Só me livrei
da “Síndrome de Saul” quando me humilhei diante dos outros e me arrependi
diante de Deus.
Se você sofre de alguma dessas patologias sugiro que:
Você faça um voto diante de Deus para que ele trate
do seu problema antes de você ansiar por liderança, aceitação ou atenção da
parte dos outros. Faça as coisas em sua vida como fez José do Egito, que não
tomou nenhum atalho no processo de que Deus lhe propôs.
· Libertação
Do Temor Das Pessoas.
Jamais
seremos verdadeiramente livres para amar a Deus Pai se estivermos dominados
pelo temor das pessoas. Diz a Bíblia que o temor do homem é uma armadilha um
laço. Tornamo-nos prisioneiros do medo, sempre preocupados com que os outros
pensam, dominados pelas ações alheias em vez de pela Palavra de Deus. Sente-se
você como se estivesse continuamente olhando para trás, tentando descobrir se
foi incluído, ou se preocupa, pensando no que as pessoas estão dizendo a seu
respeito? Está você escolhendo as suas ações com base na aprovação que obterá
das outras em vez de agradar a Deus? Se for assim você está atado pelo temor do
homem. Um santo remédio para o temor do homem é o temor de Deus! O temor de
Deus não é medo emocional, ou medo da ira divina. A Bíblia define o temor de
Deus de forma bem especifica:
1 – O temor de Deus é o ódio ao pecado. (Pv
8:13)
2 – A amizade e a intimidade com Deus são
comparadas ao temor. (Sl 25:14 97:10).
3 – O temor do Senhor é profundo respeito e
reverencia para com Deus (Sl 33:8).
4 – O temor do Senhor é o principio da
sabedoria (Pv 1:7).
5 – A síndrome de Saul pode ser quebrada (Pv
14:26) (Pv 2:1-5).
· Como
Deus Cura Os Corações Feridos.
A – Admita as suas necessidades e pecados. A honestidade libera a graça de
Deus em nossa vida.
B – Receba a graça de Deus. Graça é a graça do Deus de amor, aceitação e perdão
para que nos torna seguros no Senhor. Essa segurança produz fé.
C – Confie
no Senhor e nas pessoas. A fé resulta em confiança e torna possível que mantenhamos
comunhão intima com deus e com as pessoas.
D – Estabeleça
relacionamentos de coração para coração com as pessoas e para com Deus. Esses
relacionamentos são possíveis quando nos humilhamos a nós mesmos. Então, Deus
pode canalizar amor e perdão a nós pessoalmente, e em nossos corações para com
os outros.
· O
Oposto Do Processo.
· Relacionamentos
quebrados. Quando
os relacionamentos se rompem achamos muito difícil confiar nas pessoas.
· Legalismo.
Quando o
nosso relacionamento com outras pessoas está errado, tendemos a tornar-nos
juizes e críticos. Passamos a viver segundo a “lei”, e não segundo a graça de
Deus. Isso nos leva a desconfiar do próximo.
· Falta
de confiança. Quando
não confiamos no próximo, com freqüência deixamos transparecer essa desconfiança
e as pessoas, por sua vez, deixam de confiar em nós. Estabelece-se então uma
atmosfera de crescente rejeição, surgindo muralhas entre nós e os outros.
· Muralhas. As muralhas produzem separação, o oposto dos
relacionamentos de coração para coração. Ao considerarmos a honestidade a
respeito de nossas necessidades, é importante que distingamos a diferença entre
pecado, ferida e escravidão. Para o pecado há de haver perdão, para a
ferida há de haver cura, e para a escravidão espiritual libertação. As vezes precisamos de
ajuda nas três áreas. Você não deve confessar uma ferida, como se ela fosse um
pecado, porque ferida não é pecado. Entretanto, se você adquiriu uma atitude ou
reação pecaminosa, mesmo que a culpa seja de outras pessoas, Deus ainda o
responsabiliza pela reação negativa. De fato, Deus não vê a questão como sendo
a outra pessoa 80% culpada e você apenas 20%. Você e a outra pessoa tem culpa e
são 100% responsáveis por suas próprias ações. Enquanto você não assumir total
responsabilidade pelas suas próprias atitudes e ações, a cura é impedida. Por
que? Se a sua atitude for de ressentimento, amargura ou falta de perdão, a cura
e o perdão de Deus são bloqueados (Mt 6:14-15). Assim deve-se você se apegar na
convicção que a cura procede do coração.
Esse texto é para ser lido mais de uma vez. Caiu a ficha de que estou com sintomas dessa síndrome. Passei a tarde fazendo um estudo sobre a personalidade de Saul. Anseio por cura e libertação.
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